Ações Performativas para pensar a arte pública como patrimônio social

 



O grupo Meio Fio de Pesquisa e Ação (MFPA), vinculado ao Instituto Fede-ral de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), formado por artistas, pesquisa-dores e educadores, destinados às ações de caráter artístico e de ensino em Arte, desde 2008 tem se voltado para práticas reflexivas em Arte Pública como valor cultural e soci-al, articulando ensino, pesquisa e extensão.

Provocadora ou contemplativa a arte pública extrapola os espaços convenci-onais e aproxima a interação e o diálogo entre artista, obra, cidade e público. Tem seu valor tanto inserida na paisagem (celebrativa), enquanto pensada com ela (site-specific) ou quando praticada pelo interesse público (relacional). O fato é que em qualquer desses casos tem como efeito a ressignificação do espaço como fonte de referência, expressão e cultura da cidade. Além do zelo que cabe a qualquer cidadão no trato com o patrimônio público, é de responsabilidade dos poderes públicos e organizações privadas disseminar, manter e valorizar as obras artísticas no espaço urbano. 

É nesse sentido poético e social da arte pública que o núcleo de História da Arte do grupo MFPA se interessa pela análise e registro da arte pública fortalezense, aqui objetivado pelo olhar crítico-reflexivo em relação às obras públicas da nossa cidade, de modo mais específico pela observação da manutenção ou deterioração dessas obras, assim como pela necessidade de atender a novos interesses do público. Qual o lugar da arte pública na nossa cidade? Como ela se dá, se preserva e se reinventa? 

Para refletir sobre estas questões propomos três ações performativas (prático-reflexivas), cada uma correspondente aos diferentes modos de arte pública, que reflitam esse olhar perscrutador, chamando atenção para sua importância histórica, o estado em que se encontram e para as novas possibilidades de arte pública como prática social. 

Sem a pretensão de ser um trabalho abrangente, mas importante para se so-mar a novos olhares, este projeto toma como ponto de partida metodológico a pesquisa-ação e bibliográfica, com base nos livros “A Arte Pública de Fortaleza”, lançado em 2003 pela arquiteta Tania Vasconcelos, e “Estética relacional”, 2009, de Nicolas Bourri-aud. Mais precisamente traz como recorte dois nomes históricos da arte brasileira (Cor-biniano Lins e Sérvulo Esmeraldo), mais o projeto “Semana de Arte Urbana Benfica (SAUB) ”, cujas obras fazem parte da paisagem e imaginário urbano e social de Fortale-za, exemplificados pelos paradigmas (DIAS, 2007) a seguir: 

1 – “arte em espaços públicos” - “Monumento ao Vaqueiro”, 1965, na Praça Brigadeiro Eduardo Gomes, do artista Corbiniano Lins, configurada pela preocupação do artista em evidenciar as qualidades estéticas do objeto artístico, enquanto obra autô-noma, em que a paisagem, na qual está inserida, funciona mais como uma moldura.

2 – “arte como espaço público”: “Monumento ao Saneamento Básico de For-taleza, 1977”, de Sérvulo Esmeraldo, a obra aqui leva em conta as relações entre o ambi-ente e o público, o que tem a ver com a especificidade do sítio (site-specific) e o deslo-camento do espectador.

3 – “arte no interesse público”: “SAUB ” a ser produzida pelos integrantes do grupo MFPA dentro das atividades da III Semana de Arte Urbana Benfica (SAUB). Neste caso as relações entre o ambiente e os agentes culturais são de outra ordem, para além das questões de fisicalidade, estão ligadas às problemáticas espaço-políticas, do espaço social e do espaço público, em que o público é componente de sua poética. 

Como proposta para o Edital Patrimônio Cultural, este projeto, “AÇÕES PERFORMATIVAS PARA PENSAR ARTE PÚBLICA COMO PATRIMÔNIO SOCIAL”, conta com a realização de um vídeo educativo com apresentação do projeto (aspectos conceituais e históricos); exposição das obras públicas indicadas pelo projeto junto de performance artística (estados de conservação), e registro da intervenção urbana no bairro Benfica, durante a III SAUB.



Ações Performativas para pensar a arte pública como patrimônio social Ações Performativas para pensar a arte pública como patrimônio social Reviewed by meiofiodepesquisaeacao on fevereiro 16, 2021 Rating: 5

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